24 de Julho de 2018
Perguntas se repetem nas minhas palestras. É normal. Uma volta ao mundo ou a vida de uma viajante suscita dúvidas semelhantes: qual o lugar você mais gostou? Foi difícil viajar sozinha sendo mulher? Teve alguma situação de risco? Pelo menos uma dessas três estará lá, saindo de dentro de algum dedo, na plateia. Já sei bem como responde-las, óbvio, mas a primeira ali me incomoda um pouco (e é a mais frequente). Sempre rebato com um: posso escolher um lugar em cada continente? E lá vai – Peru, Canadá, Noruega, Tanzânia, Índia e Nova Zelândia.
Mas é complicado. Da mesma forma que é difícil relatar qual o lugar que menos gostei, por exemplo. Acredito que os lugares e as pessoas – sempre relacionados – vivem fases e estão suscetíveis a momentos. Barcelona não me agradou. E teve leitores que vieram quase de facão atrás de mim quando relatei isto. Estava muito quente, muito cheio, clima estranho – e uma semana depois de eu ir embora, a Las Ramblas sofreu um atentado, olha que loucura. Talvez, se eu tivesse visitado a cidade catalã mais nova, mais velha, acompanhada ou em outra época do ano, a experiência teria sido diferente.
Os lugares também estão muito propensos à fase que nos encontramos e à direção que o nosso olhar quer focar. Por isso, sou a favor de voltar – como vocês já estão cansados de saber. Se tem algum lugar que eu não voltaria hoje? Tem, mas prefiro não comentar. Não me sinto segura para tal. Sei o quanto eu estava vulnerável quando o visitei. E lugares para os quais eu voltaria imediatamente? Diversos! Principalmente aqueles que me remeteram a alguma pessoa especial e que gostaria de dividi-lo.
Há dois meses longe do Exterior, tenho viajado bastante pelas bandas do Rio Grande do Sul. E, principalmente, revisitado lugares. Um deles, que encheu meu coração de nostalgia e alegria, foi o Parque Estadual do Caracol. As escadarias famosas que levam até a beira da cascata, cartão-postal da cidade de Canela, estavam fechadas para manutenção, o que me colocou a pensar novas maneiras de apreciar aquela baita paisagem. Estou para dizer para vocês que me diverti bem mais do que nas três vezes que desci – e SUBI – aqueles 730 degraus. Aproveitei para percorrer diferentes trilhas pela mata nativa, que levam a imagens diferentes do Caracol, espiei os mirantes com mais cuidado e desbravei o lado esquerdo do parque. Sim, o povo só vai para o lado direito e esquece de dar a seta na encruzilhada.
Eis que percebo que há um espaço bacana para churrasco, redes para descanso, muito gramado para a criançada se divertir ou para se esticar no final da tarde e um museu megabacana sobre a história do espaço, apresentando cada detalhe da flora e da fauna da região. Perdi uma boa horinha lá dentro entre textos e fotos. Foi bom este passeio visto de outra perspectiva, sem estar toda suada, e mais cultural do que natural. É tudo ponto de vista, né? Por isso que eu digo, voltar é tipo um filme: sempre há um detalhe que você deixou passar na ansiedade da estreia.
*Texto feito em formato branded content para Blogueiros Viajantes e Prefeitura de Canela.
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