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    Parasita e a minha relação com a Coreia

    12 de Fevereiro de 2020

    Vamos dar uma pausa nos textos cheios de dicas e lindas fotos para falar sobre algo que importa: Parasita, Coreia do Sul, Ásia. Nos tempos recentes nos aproximamos de personagens coreanos com todo o agito em torno do filme Parasita – considerado o melhor pela Academia – e de Pyong, um brasileiro de origem coreana que vem tomando protagonismo em rede nacional aberta no BBB. Deixa eu contar um pouco sobre a minha relação com o país do k-pop, que já entrou e saiu do meu roteiro diversas vezes e segue na wish list.

    Na minha primeira imersão fora do Brasil, em 2005, quando morei em Nova York, dividi apartamento com uma japonesa, que virou minha melhor amiga (somos ligadas até hoje), e era muito próxima a um coreano, Wambach, amizade, que por consequência, transformou-nos em um trio. A minha convivência com ambos resultou em aprendizados importantes sobre as duas culturas e uma vontade doida de ir para a Ásia.

    Quando assisti ao Parasita me deu um calorzinho no peito por reconhecer os trejeitos, as expressões e até a maneira de rir e olhar do meu amigo. Reconhecimento de cultura. Algo que desenvolvi viajando e que me tornou capaz de identificar a quilômetros de distância um chinês, um italiano ou um francês, por exemplo. E todo esse textão para gritar para o mundo:

    NÃO. Coreanos e asiáticos não são todos iguais. Cada vez que você fala isso você está usando de um preconceito burro e preconceituoso. Você não está observando direito, o que chega a ser feio.

    NÃO, cara, não é legal chamar um coreano de "japa" – nem um japonês se ele não se sentir à vontade com isto – porque, veja bem, ele não é japonês, ele é coreano. É pejorativo. É ignorante.

    NÃO. Eles não têm cheiro, cor, manias, são engaçados. E, por favor, não puxe os olhos com a mão para fazer gracinha. É vergonhoso. É rude. Cada vez que se entra em um discurso de generalização falta cultura, falta lógica de discurso, falta compreensão e empatia. Tudo isto que você faz é tão grave como ativar um preconceito religioso ou insultar um negro, por exemplo. Não é difícil raciocinar. Repense.

    Obrigada, Academia, por dar voz de protagonismo a outras culturas e abrir a porta desta discussão.

    Obrigada, Bong Joon-Ho, pelo discurso mais puro de gratidão que já assisti em uma cerimônia de Oscar – um lugar onde o que mais se faz é agradecer sem generosidade. Isso, sim, uma tipicidade coreana.

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