Toronto: a maior cidade pequena do mundo

É como qualquer metrópole que estamos acostumados a visitar: cosmopolita, contabiliza milhões de habitantes, não conseguimos definir ao certo qual o prato típico da região, tem sua Chinatown e mistura tribos, cores e sabores pelas linhas do metrô. Mas a essência é diferente.

Toronto tem alma e modos de cidade pequena.

Deixe-me explicar. Não é que todos os moradores conheçam um ao outro e saibam tudo o que se passa na vida do vizinho. Trata-se de como eles usam o tempo. Eles não tentam brigar para ultrapassar o ponteiro de segundos do relógio e, com isso, mesmo a caminho do escritório, param com prazer para dar informação ao turista, por exemplo. Se bobear, ainda lhe passam o telefone: “Qualquer dúvida no caminho pode ligar”.(juro, aconteceu comigo e não era flerte).

Eles têm tempo para sorrir antes de entregar um “coffe to go” e de procurar a lixeira mais próxima antes de jogar qualquer toco de cigarro no chão. A área deles é limpa. Nas praças, estão as flores mais bem cuidadas que já vi em uma cidade por onde circulam milhões por dia. Os esquilos se sentem à vontade para disputar as ruas com os táxis, ubers, bicicletas e pedestres. Não é filme de princesa da Disney. O cenário existe. Chega a ser “démodé”. Ah, para aí! Onde estão os mendigos, bêbados, pickpocketings e malucos na quinta maior cidade da América Latina?

O cidadão de Toronto não é obrigado. Não precisa se proteger e evitar as ruas por volta das 22h, nem ficar de olho no taxímetro para não ser logrado pelo motorista. Ah, se ele quiser, não precisa pagar pelo cinema. Todas as quartas-feiras o Harbourfront oferece sessões gratuitas e ao ar livre para a sociedade. E nem pela arte. Aos finais de semana, principalmente aos verões, os artistas se revezam por diferentes pontos da cidade cantando, dançando, pintando e bordando. Pelo que entendi, é tudo uma questão de tempo. Tempo de olhar para o lado. Tempo de bem receber. Tempo de educar. Não sei vocês, mas já programei meu relógio para despertar mais cedo.

Adendos: lugares que visitei em Toronto. Para jantar: Lee Restaurant e Pai Restaurant. Para passear – Yorkville e The Distillery District. Para o pôr-do-sol – Harbourfront. Se der tempo: ir ao jogo do Blue Jays no Rogers Centre. Turistando: CN Tower e Ripley’s Aquarium.