09 de Novembro de 2016
Gramado é logo ali. A gente que não percebe. Dia desses, uma amiga foi passar a tarde no Kurotel e conversou com um paulista, empresário de Ribeirão Preto: “Você vem só para passar 24 horas?”. Ela respondeu: “Sim, moro em Porto Alegre e tenho apartamento aqui”. No que, instintivamente, o homem rebateu: “Parabéns!”. Esse é o nível da Serra Gaúcha perante os olhos dos turistas: uma conquista. Um presente, talvez.
Por ocasião do Festuris Gramado – Feira Internacional de Turismo, passei alguns dias na Serra na semana passada. Princípio de Natal Luz e a cidade já começa a bombar. Aliás, para quem não gosta de movimentação, o bom é evitar esta época por lá. As festas de final de ano já ultrapassaram o Festival de Cinema na quantidade de visitantes que recebem, sedentos por toucas de Papai Noel e chocolates temáticos. Se tem algo que solta meu riso do canto da boca é aquela combinação de sandálias e shorts com luvas e gorros. É um estilo: já que vim até aqui, vou usar minhas roupas de frio, pôxa. Gente que é turista assumido me encanta. Me agrada. Passa intensidade.
Sou daquelas que aproveita Gramado fora do Centro. Mais pelas beiradas. Fugida do óbvio. Mas, estava lá para uma vivência turística e resolvi assistir a um dos espetáculos mais concorridos da temporada, o musical “Eu Sou Maria”. Com pontualidade, o show começou e supriu a expectativa do público, que vibrou, interagiu e aplaudiu confiante. Bons bailarinos, ótimos músicos, grandes atores, palcos, cenários e efeitos grandiosos, bem conforme a assinatura do diretor Edson Erdmann – gaúcho acostumado a trabalhar com produções como Criança Esperança e Faustão. Centenas de pessoas deixaram o Lago Joaquina Rita Bier naquela busca desenfreada por táxis, restaurantes e dar jeito na vida.
Voltei caminhando, observando. E, a um quarteirão da placa de saída, encontrei um quadro escrito em giz de cera: Exposição de Teatro Lambe-Lambe Olho Mágico. Em quatro caixas recolhidas de supermercados foram criados diferentes palcos para shows variados. Tudo muito simples, mas de um capricho e uma sensibilidade tocável. A ação do grupo Olho Mágico é parte ao incentivo à cultura do teatro de bonecos da Serra – que, aliás, mantém um festival em Canela que deve ser prestigiado, viu? Parei, assisti a dois espetáculos. E me diverti tanto como na megaprodução. Gratuitamente. Em dias tão difíceis, fiquei faceira em saber que pelo menos a arte é para todos. Basta dar uma olhada esperta na volta e prestar atenção nas oportunidades.
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